“Quem planta uma árvore planta uma esperança”
Lucy Larcom, 1824 – 1893, poetisa americana.
Quando nos vimos confrontados com esta enorme oportunidade de futuro não ficámos de braços cruzados à espera de dinheiro para começar a obra. Lançámos mãos à terra, e quando o mato foi desbravado decidimos abrir caminhos, colocar água potável, construir o muro, elaborar o projeto de construção e plantar árvores. E ainda plantamos árvores. As árvores crescem a cada ano e dão uma nova beleza ao espaço. No futuro estas árvores irão contar a história dos que em momentos de dificuldade tiveram coragem de as plantar e ver crescer.
Para trás ficou um financiamento europeu de construção que nos escapou por uma unha negra, apesar de termos tudo aprovado, e também não conseguimos a simpatia da nossa família internacional quando a possibilidade se vislumbrou no horizonte. Para trás ficaram também alguns que deixaram de acreditar. Contudo, no presente permanecem um punhado de valentes que continuam a semear esta esperança. Efetivamente, a existência da Cruz Azul nunca dependeu a existência deste terreno… com ou sem ele, continuaríamos a existir.
O futuro será sempre o que planeámos, ou porventura muito melhor do que sonhámos. O espaço é grande o suficiente para acomodar várias actividades em simultâneo e ainda operar com as actividades regulares da instituição.
Mas, o que foi que planeámos?
O programa da Cruz Azul é de curta duração, um mês no máximo. Intercaladamente teremos programas para famílias, sem focar necessáriamente o problema do alcoolismo, pois na verdade, os indivíduos, enquanto alcoólicos ou co-dependentes, necessitam, no presente, de encontrar motivações e sonhos para além daquilo que sofreram no passado.
Programas com jovens, ações de formação, atividades autónomas das igrejas, convívios de famílias, estão também entre as nossas possibilidades.
Estufa, formação em agronomia, horta pedagógica, quinta pedagógica, presença de animais de estimação, campismo, bar sem álcool, livraria, concertos de música, pequena piscina, matraquilhos humanos, campo de desporto… estão entre as possibilidades e isto tudo sem grandes custos.
Estamos a um passo do futuro. Um dos nossos maiores obstáculos tem sido o facto de que não podemos colocar equipamento no terreno sem a possibilidade de ter alguém em permanência na propriedade, pois os assaltos de que já fomos alvo já nos colocaram em alerta sobre esta necessidade vital. Mas isto em breve também será resolvido.
Quem planta uma árvore… é porque acredita no futuro.
Samuel Dias
